sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Supervia, o caos da concessão de trens do Rio de Janeiro.

Passageiros não são carga, pessoas não são animais.


Respeito para quem paga a conta e mantém o sistema ativo !




A Supervia opera a concessão do serviço de trens urbanos no Rio de Janeiro, desde novembro de 1998.

Os editais de concessão são baseados em determinações previstas na Constituição Federal que estabelece que as Concessionárias são obrigadas a investir no sistema, promover melhorias, manter o tudo funcionando regularmente, inovar, modernizar....


A Concessionária sabe antecipadamente todas as regras e o estado do serviço que está se propondo operar, o que o impede de alegar, após a concessão repassada, que este ou aquele sistema estava “quebrado”, “falido” ou qualquer outra situação, mesmo porque, todos os participantes do leilão têm acesso às informações antecipadamente, quer seja faturamento, estoque, passivo, despesas, receitas, folha de pagamento, ações trabalhistas, etc.

Vencido o processo licitatório inicia-se o serviço pelo ente privado, cabendo ao Poder Concedente (Governo) acompanhar, fiscalizar e cobrar o que estava previsto no edital e que fora aceito pela nova Concessionária. 

Em não sendo realizados esses serviços (citados acima) a Concessionária corre o risco de perder a concessão por descumprimento de contrato.
Especificamente no caso da concessão da Supervia, nos últimos 13 anos, ou seja, desde o inicio da concessão, nenhum investimento ou melhoria foi promovido, visto ou sentido pelos que utilizam os trens urbanos.  Os tais R$ 600 milhões que estão informados no site da Supervia, ou foram destinados a pagamento de ações trabalhistas, ou na maquiagem que regularmente promovem nas estações centenárias.  Hoje são observadas algumas obras de elevação de piso, pintura nas paredes, e até a mudança dos nomes das estações.  Campo Grande virou West Shopping, Engenho de Dentro foi renomeada como Olímpica, e por ai vai.

Os últimos trens adquiridos, foram os chamados popularmente de Coreanos, em 2005, que se encontram no limite de suas forças.  As demais composições estão sucateadas, semi destruídas, consumidos pelo tempo e pela falta de manutenção o que gera constantes e rotineiros atrasos nos ramais, quebradeira diária e insatisfação de todas as formas.
As composições maiores, dotadas de nove vagões, deveriam transportar no máximo 100 pessoas (por vagão).  Hoje esse número ultrapassa 300 pessoas exprimidas, em condições subumanas, num calor infernal, goteiras, bancos desconfortáveis e imundos, infestados de camelôs com seus pacotes e caixas de isopor, esfregando-se entre os já exprimidos passageiros.  Ali comercializam de tudo, de CDs piratas a legumes, de sorvete a amendoim torrado, com direito a fogareiro a carvão e tudo.

Desde 2005 é possível ver propaganda nas composições que “novos trens estão chegando, que foram adquiridos”, etc. Nada mais que seis longos e infindáveis anos.
Para surpresa de todos, hoje, 16/12/2011, foi noticiado que esses novos veículos serão colocados a disposição da população em 2014, ou seja, coincidentemente no ano da Copa do Mundo e até lá, nos resta ficar a mercê da sorte e a proteção de Deus.
É certo de que não se pode voltar no tempo e promover a Lei de Talião, onde valia “dente por dente, olho por olho”.  Os usuários não podem e não devem promover quebradeira, incêndios ou se instalar como “donos da situação”.  Mas também não podemos ter a situação como está.  Pessoas tratadas como animais, como carga, sem o menor respeito, sem informações, sem satisfação. 
Os trens param no meio da viagem, não repassam informação do que está acontecendo, as portas ficam cerradas, 2700 pessoas trancadas num calor assombroso e quando são literalmente libertadas, são obrigas a se virarem. Quem tiver dinheiro, sai e pega outra condução, quem não tem, fica de pé esperando uma solução.

E depois de tudo isso você depara, não com uma punição ou cobrança, mas com a renovação do contrato por mais 25 anos, ou seja, até 2048 o povo continuará sendo tratado como carga, ou tendo menos trspeito do que os animais e um amontoado de promeças de investimento, parcerias e bla bla bla ao montes....

"  Rio de Janeiro, 13 de junho de 2011 – O Governo do Estado do Rio de Janeiro e a SuperVia  estão investindo R$ 2,4 bilhões para aperfeiçoamento da gestão e operação do sistema ferroviário urbano. Esta ação marca o início da nova formação societária da SuperVia: 60% controlada pela Odebrecht TransPort e 40% por fundos de investimentos estrangeiros. O contrato de concessão da SuperVia foi prorrogado por mais 25 anos, sendo válido até 2048.  De acordo com o novo contrato, cujo cronograma prevê investimentos até 2020, o Governo deverá fazer aporte de R$ 1,2 bilhão na aquisição de 90 novos trens, todos com ar condicionado. Destes, 34 já foram adquiridos e começam a operar entre 2011 e 2012. O investimento da SuperVia, também de R$ 1,2 bilhão, inclui a aquisição de outros 30 novos trens climatizados, reforma e instalação de refrigeração em 73 trens de aço inox, implantação de um novo sistema de sinalização, modernização da  infraestrutura e intervenções em 98 estações, além da revitalização do ramal Guapimirim. Ainda para este ano de 2011, a SuperVia preparou um conjunto de ações imediatas, que extrapolam o contrato com o Governo, batizado de SuperVia em Movimento " .

Como costumo dizer nas minhas postagens: O Ministério público permanece dormindo e o interesse privado sobrepõe ao público.

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