Dupla de artistas iranianos desafia tradições islâmicas
Ramin and Rokni Haerizadeh, dois artistas iranianos exilados em Dubai, deixaram o Irã em 2009. Membros do Ministério de Inteligência e Segurança Nacional do Irã foram às galerias de arte de Teerã, confiscaram os trabalhos dos artistas e ameaçaram prender o colecionador de arte que as expunha. Familiares e amigos avisaram os artistas – que estavam numa exposição em Paris – e aconselharam-nos a não retornar. Graças à intervenção de um sheik no Departamento de Educação de Abu Dhabi, a dupla conseguiu vistos para os Emirados Árabes.
Ramin and Rokni Haerizadeh, dois artistas iranianos exilados em Dubai, deixaram o Irã em 2009. Membros do Ministério de Inteligência e Segurança Nacional do Irã foram às galerias de arte de Teerã, confiscaram os trabalhos dos artistas e ameaçaram prender o colecionador de arte que as expunha. Familiares e amigos avisaram os artistas – que estavam numa exposição em Paris – e aconselharam-nos a não retornar. Graças à intervenção de um sheik no Departamento de Educação de Abu Dhabi, a dupla conseguiu vistos para os Emirados Árabes.
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Os irmãos Haerizadeh são inseparáveis e passam todo o tempo juntos. No entanto, seus trabalhos são bastante distintos. Ramin trabalha com fotografia e quase sempre usa imagens de si mesmo. Nos últimos seis anos, ele usou uma barba, algo tradicionalmente associado aos mulás do Oriente Médio. No entanto, as situações que retrata são irreverentes. Sua série “Homens de Alá” evoca situações íntimas usando padrões tradicionalmente islâmicos como pano de fundo, e seus trabalhos mais recentes têm como referência a raiva e o desespero do Movimento Verde, a oposição política iraniana.
Já Rokni é um pintor com um estilo influenciado pela tradição europeia. Ele estudou na Universidade de Arte de Teerã, mas diz que aprendeu a pintar assistindo a filmes sobre artistas como Francis Bacon e Pablo Picasso. “A cultura da pintura é muito fraca no Oriente Médio. Os trabalhos não têm energia”, diz ele. Quinze pinturas suas que foram recentemente exibidas em Paris sob o título “Partes Necessárias para a Construção do Chicote de um Inimigo” retrata diversos objetos unidos por sua exploração da tortura. “Adoro Andy Warhol”, diz ele, “mas esse tipo de repetição seria como uma prisão para mim”.
No Irã, a apreciação do absurdo é essencial. A percepção geral em relação aos artistas contemporâneos é a de que eles são insanos ou ateus ou ateus insanos. Nos regimes fundamentalistas islâmicos é melhor repetir a sabedoria do passado do que apresentar originalidade. “A criação é para Deus”, explica Rokni. Os irmãos recebem telefonemas preocupados de Teerã, que os lembram dos perigos da deportação. Em março, um trabalho de Ramin intitulado “Daremos as Mãos Com Amor e Reconstruiremos Nosso País” foi censurado na Feira de Arte de Dubai. A obra trazia imagens de Ramin vestindo um chador, o longo véu negro usado pelas mulheres iranianas. Embora a imagem não seja aparente para os olhos ocidentais, Ramin se representou como um mulá travestido.
Um membro do governo disse que a obra de Ramin fora mal-compreendida e afirmou que os irmãos “são bem-vindos em Dubai desde que seus trabalhos não criem atritos com um importante parceiro comercial”. Os Emirados Árabes não ofereceram asilo político. Trata-se de uma região delicada e bastante vulnerável aos movimentos fundamentalistas, logo, o governo teme represálias se for visto como “muito liberal”.
Artistas ocidentais muitas vezes se colocam na posição de criminosos simbólicos, mas pouquíssimos se tornam fugitivos. A transgressão é algo bastante fácil no Irã e em Dubai. As pinturas de Rokni se tornaram mais políticas e sexuais que as fotografias de Ramni, o que significa que ele não pode expô-las publicamente. “Se eu não pintasse, ficaria louco. Sempre amei meu país, mas não o suficiente para passar o resto da vida fazendo pinturas abstratas”, diz Rokni. Seu irmão dá uma longa tragada em seu cigarro e completa: “ninguém suporta quando você diz o que pensa”.
Já Rokni é um pintor com um estilo influenciado pela tradição europeia. Ele estudou na Universidade de Arte de Teerã, mas diz que aprendeu a pintar assistindo a filmes sobre artistas como Francis Bacon e Pablo Picasso. “A cultura da pintura é muito fraca no Oriente Médio. Os trabalhos não têm energia”, diz ele. Quinze pinturas suas que foram recentemente exibidas em Paris sob o título “Partes Necessárias para a Construção do Chicote de um Inimigo” retrata diversos objetos unidos por sua exploração da tortura. “Adoro Andy Warhol”, diz ele, “mas esse tipo de repetição seria como uma prisão para mim”.
No Irã, a apreciação do absurdo é essencial. A percepção geral em relação aos artistas contemporâneos é a de que eles são insanos ou ateus ou ateus insanos. Nos regimes fundamentalistas islâmicos é melhor repetir a sabedoria do passado do que apresentar originalidade. “A criação é para Deus”, explica Rokni. Os irmãos recebem telefonemas preocupados de Teerã, que os lembram dos perigos da deportação. Em março, um trabalho de Ramin intitulado “Daremos as Mãos Com Amor e Reconstruiremos Nosso País” foi censurado na Feira de Arte de Dubai. A obra trazia imagens de Ramin vestindo um chador, o longo véu negro usado pelas mulheres iranianas. Embora a imagem não seja aparente para os olhos ocidentais, Ramin se representou como um mulá travestido.
Um membro do governo disse que a obra de Ramin fora mal-compreendida e afirmou que os irmãos “são bem-vindos em Dubai desde que seus trabalhos não criem atritos com um importante parceiro comercial”. Os Emirados Árabes não ofereceram asilo político. Trata-se de uma região delicada e bastante vulnerável aos movimentos fundamentalistas, logo, o governo teme represálias se for visto como “muito liberal”.
Artistas ocidentais muitas vezes se colocam na posição de criminosos simbólicos, mas pouquíssimos se tornam fugitivos. A transgressão é algo bastante fácil no Irã e em Dubai. As pinturas de Rokni se tornaram mais políticas e sexuais que as fotografias de Ramni, o que significa que ele não pode expô-las publicamente. “Se eu não pintasse, ficaria louco. Sempre amei meu país, mas não o suficiente para passar o resto da vida fazendo pinturas abstratas”, diz Rokni. Seu irmão dá uma longa tragada em seu cigarro e completa: “ninguém suporta quando você diz o que pensa”.
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