Mark Zuckerberg, aí ao lado, criou uma máquina de ganhar dinheiro que se
alimenta de informações sobre nós todos. É o Facebook. Ele invadiu a nossa
vida – e ficou bilionário com o que damos a ele de graça.
vida – e ficou bilionário com o que damos a ele de graça.
Você sabe dizer quanto vale? Deixe de lado fatores subjetivos, como seus valores
morais, habilidades profissionais e perspectiva de vida. Quanto você vale em
dinheiro? Se você é um dos 845 milhões de usuários do Facebook no mundo – só no
Brasil são 36 mi-lhões –, essa pergunta foi respondida na semana passada: você
vale exatos US$ 88,75, cerca de R$ 152. Depois de meses de prepara-ção, a maior
rede social da internet entregou os documentos necessários para realizar sua
oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de Nova
York.
O objetivo da empresa é captar US$ 5 bilhões a partir de maio, quando os
papéis do Facebook estarão à disposição dos investidores. O preço que cada uma
dessas ações atingir no lançamento vai determinar o valor total da empresa, que
está sendo estimado entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões. Com base nessas
projeções, empresas calcularam o valor por usuário ou “quanto você vale” no
Facebook. Basicamente, é uma divisão de US$ 75 bilhões por 845 milhões de
usuários. A Apple fatura vendendo iPhones, iPads e computadores Macs. A
Microsoft fatura vendendo licenças do sistema Windows ou consoles do videogame
XBox 360. O Google ganha dinheiro com anúncios atrelados a seu serviço de busca.
E o Facebook ganha dinheiro apenas com suas informações. É o que você posta,
escreve, joga, compartilha, lê, comenta, curte e cutuca que fez com que a
empresa lucrasse US$ 1 bilhão em 2011. Isso pode transformá-la, agora, na sétima
companhia de tecnologia mais valiosa do mundo.
Quem conseguiu transformar essas informações em dinheiro foi o jovem
americano Mark Zuckerberg, fundador e principal execu-tivo da empresa. Com
apenas 27 anos, ele é hoje um dos homens mais ricos e influentes do mundo. O
Facebook, criado em 2004 no alojamento de estudantes da Universidade Harvard,
nos Estados Unidos, inventou um negócio com base na oferta de espaço digital
(ilimitado e gratuito) para que os consumidores se relacionem. Em troca, os
dados sobre tudo o que esses consumidores fazem – tudo o que você faz! – são
vendidos às empresas interessadas em se relacionar com eles, na forma de
anúncios publicitários. Oitenta e cinco por cento do faturamento de US$ 3,7
bilhões obtido pelo Facebook no ano passado veio assim.
Sistemas inteligentes
analisam rios de dados gerados pelas ações dos usuários e criam “cestas de
perfis” para quem quiser explorá-los. Como funciona? O Facebook, por exemplo,
calcula quantas mulheres paulistanas entre 20 e 30 anos acabaram de mudar seu
status de relacionamento para “noiva”, ofe-rece essa informação a uma produtora
de festas e cria um anúncio para sair na coluna lateral do perfil das noivas. Da
mesma forma, se alguém “curte” uma página de comida saudável, pode ser o cliente
ideal para anúncios de vegetais orgânicos. Se posta vídeos de futebol, se
menciona livros de economia, se comenta sobre mergulhos, se pu-blica fotos das
Ilhas Fiji – as possibilidades de exploração comercial das informações são
infinitas, e todas elas são armazenadas nos bancos de dados do Facebook. Com o
passar do tempo, eles se tornam verdadeiros oceanos de dados nos quais as
empresas podem pescar o que desejarem saber sobre os consumidores.
Além de franquear informações sobre seus usuários, o Facebook também permite
que as empresas criem as próprias ações de marketing no site. Elas podem montar
páginas oficiais no Facebook, onde reúnem consumidores, fazem promoções e criam
desafios e jogos. Tudo com o intuito de que seus clientes compartilhem cada vez
mais informações e façam, no boca a boca, publicidade gra-tuita da marca. Mais
de 25 milhões de pessoas no mundo se deram ao trabalho de entrar na página do
biscoito Oreo no Facebook e clicar no botão “Curtir”. Com isso, recebem as
últimas informações sobre o produto e participam de promoções. No Brasil, a
página do Guaraná Antarctica reúne quase 4 milhões de fãs. “Mais de 4 milhões de
empresas têm páginas no Facebook que são usadas para ter um diálogo com seus
clientes”, diz Zuckerberg.
Crédito:
Revista Época
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