Cristovam Buarque: “O livro do MEC mantém o apartheid linguístico”
Ex-ministro da Educação, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou ao Poder Online que é contra a publicação e distribuição do livro didático de português Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo Ministério da Educação para o ensino de jovens e adultos.
Em um capítulo dedicado ao uso popular da língua, os autores defendem que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.
Para Cristovam, o livro “mantém o apartheid linguístico”. “Essas pessoas, falando errado, não vão passar em concurso, não vão entrar na universidade, não vão conseguir emprego”, conclui.
ABL diz que livro adotado pelo MEC é “completamente inadequado”
A Academia Brasileira de Letras (ABL) divulga, daqui a pouco, nota em que “manifesta sua discordância” em relação à proposta do livro didático de português adotado pelo MEC (Ministério da Educação), que dedica um capítulo ao uso popular da língua.
O presidente da ABL, Marcos Vilaça, afirma que o livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, Aprender, para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), é “completamente inadequado”. Na nota, a ABL afirma que “estranha certas posições teóricas dos autores de livros que chegam às mãos de alunos dos cursos fundamental e médio com a chancela do Ministério da Educação, órgão que vem se empenhando em melhorar o nível do ensino escolar no Brasil”.
O livro distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático, do próprio MEC, defende que é preciso trocar os conceitos de “certo e errado” por “adequado e inadequado“.
Os autores mostram que não há necessidade de se seguir a norma culta para a regra da concordância em algumas situações e usam a frase “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” para exemplificar que, na variedade popular, só “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Em um outro exemplo, os autores mostram que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”.
Para o MEC, no entanto, o papel da escola é não só o de ensinar a forma culta da língua, mas também o de combate ao preconceito contra os alunos que falam “errado”.
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